Historial

A Beira Alta é das poucas Regiões Portuguesas com manifestações Etnográficas e Folclóricas bem diferentes e definidas, enquanto no Vale ou Planalto as danças e trajes tocam a essência senhoril, a parte Serrana ou Pastoril mostra-nos toda a crueza da vida dura da Serra. 

É essa mensagem das gentes habituadas a galgar ladeiras e barrancos que vos trás o Rancho Folclórico Sampaense, que foi criado em 1976 tendo sido a primeira actuação ao público a 14 de Agosto de 1977 e trajando da seguinte forma:


Mordomos

Os mordomos de São Pelágio são os encarregados de preparar e dirigir a festa que se realiza a 26 de Junho, em honra do padroeiro.
Datam estes de 1543, ano em que El-Rei D. João III confirmou os estatutos e se alistou e declarou-se seu “Protector e Juiz Perpétuo”.
O homem veste um fato de elascotine composto de calça, colete, jaquetão e camisa branca. Na mão tem uma vara de metal.
A mulher veste fato de algodão estampado, na cabeça um um lenço de seda e no braço o xaile e a saquinha.


Romeiros

Um par muito característico que não faltavam às romarias da região. O homem veste um fato de surrobeco preto composto por: casaco, calça, colete, camisa branca e bota preta. Como nota característica tinha no chapéu uma estampa da padroeira a quem tinha ido pagar a promessa. Na lapela do casaco uma flor com versinho que comprava na romaria. No braço uma bengala de junco. A mulher leva saia de algodão estampado, blusa com aba, no braço xale e a bolsinha do dinheiro. À cabeça, o cesto da merenda tapado com uma toalha de algodão.


Pastores

Pastor Criado: era aquele que guardava o rebanho contratado por outrem. Vestia calça de serrubeco castanho, polainas e manta de fitas, servindo esta de capa trazendo consigo a ferrada com que ordenhava as ovelhas e o inseparável calado.

Pastor Proprietário: Aquele que tinha por sua conta o rebanho. Vestia casaca, calça de serrubeco e cinta preta trazendo sempre consigo um chapéu de cana grossa.


Doceira

Saia de chita de Alcobaça, em pregueada, a um palmo do tornozelo. Blusa tipo chambre em tecido tipo algodão enfeitada com espiguilha. Nos pés usa chinelas. No braço uma saca de quartos onde guardava o dinheiro.
Nota característica deste trajo e a canastra na cabeça com a cafeteira de barro para fazer café, a garrafa do escrachado ou anis e uns cartuchos de rebuçados.


Senhora Antiga

Fato composto por duas peças. Uma casaquinha e saia a um palmo do tornozelo. Este fato é em seda e em algodão lavrado.
A sombrinha de um tecido de algodão bordado à mão.


Domingueiro

Saia preta de merino franzida e enfeitada a um palmo do tornozelo. Blusa tipo chambre cheia de entremeios de bordado inglês. Usa também o xaile preto de lã com barra estampada e franja (este xaile era de uma condessa) sapato preto.. No braço a sacola onde levava o dinheiro. Missal e terço na mão.


Noivos

Ele veste fato de elascotine composto de calça, colete, casaco, camisa branca, bota preta de cabedal feita nesta povoação e chapéu preto.
Ela veste fato composto por uma saia de pano liso à frente e concentrando-se toda da roda atrás e uma blusinha com aba. Este trajo é merino preto.


Canastreiro e Cesteira

Fazia as canastras e cestos que eram utilizados nos trabalhos do campo. Quando não tinha serviço saia para os concelhos circunvizinhos para as chamadas composturas.
Veste calça e colete de cotim, camisa de riscado, bota grossa, coberta de fitas ao ombro e às costas um molho de correias e bordos de castanho.
A cesteira encarregava-se da venda dos cestos e canastras que transportava para as feiras e mercados a dezenas de quilómetros. Veste saia de algodão estampado a um palmo do tornozelo, blusa e avental de algodão, nos pés leva tamancas, na cabeça lenço com o molho de cestos e no branco a saca do dinheiro.


Fato de Trabalho

O povo vivia daquilo que tirava da terra e do pastoreio do gado. O povo era muito crente a Deus. Não começavam um trabalho sem fazer o sinal da cruz.
As mulheres trabalhavam a terra ao lado dos homens. Ela veste uma saia de flanela, enseada por causa das orvalhadas, na cabeça um chapéu de palha com lenço atado nele, no braço um molho de feno e uma ceitoura.
O homem veste calça e colete de cotim, camisa de riscado, cabaça à cintura e de cabaço ao ombro.


Varejador e Apanhadeira de Azeitona

O homem veste calça de cotim com colete, camisa de riscado. Calça bota grossa. 
Ao ombro a maranha e vara com cestos. Na mão o búzio com o que chamava os trabalhadores substituindo o relógio da Torre.
A mulher veste uma saia de algodão, blusa de popeline. No braço o cesto de fabrico artesanal com a azeitona.


Pedreiro

Uma figura bastante característica do nosso concelho. Era, por vezes, obrigado a migrar para procurar trabalho em terras distantes. Vestia calça de ganga azul, colete de cotim, camisa de riscado. Levava consigo a ceira com a ferramenta.


O povo dedicava-se sobretudo ao fabrico artesanal do queijo da Serra e aos trabalhos agrícolas, pois o solo apesar de montanhoso, é muito fértil. Hoje o Concelho de Oliveira do Hospital está bastante desenvolvido onde a indústria de confeções é o denominador comum, sendo ainda de salientar os objectos de cobre e aglomerado de madeira.
Dos mais notáveis do concelho pela beleza, elegância e nível técnico dos bailados, sempre acompanhados de uma alegria contagiante, o R.F.S. tem divulgado o folclore regional em todos os cantos do País e até mesmo no estrangeiro, sendo o melhor cartaz de propaganda de São Paio de Gramaços e da região das Beiras.
Mas os seus dirigentes nunca estão satisfeitos. O trabalho de pesquisa e recolha de motivos etnográficos relacionados com o folclore prossegue ininterruptamente, sendo numerosas as peças já reunidas, especialmente no tocante a usos e costumes, trajes e utensílios.

Recentemente no final do ano de 2010, o R.F.S. criou os seus estatutos. Poderão ser consultados aqui
(requer aplicação de leitura de ficheiros pdf).

A fim de facilitar a divulgação das suas canções, a única compilação discográfica até ao momento do R.F.S. foi um LP (Long-playing) em 1988, com o seguinte alinhamento:

A pomba caiu ao mar
Pézinho
Alargai-vos raparigas
Rapazes d’aldeia
Fui lavar ao Rio Alva
Não há nome que eu mais goste
O caiado cheira tinta
Ó que certo certo
Batam palmas e mais palmas
Ó ai moreninha
O senhor do meio
Fado (quadras populares)